quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Saudade do que não vivi

Há pessoas que sentem falta dos momentos com os amigos, da bagunça com os familiares, dos amores que tiveram, de quem já se foi, de certas situações agradáveis, certos tempos, lugares. Eu, como apegada que sou, sinto saudade de tudo isso e muito mais; sinto falta dos meus amigos não apenas de suas presenças (calma, deixa eu lhe explicar), mas de coisas simples e talvez insignificantes para outros, como o sorriso de alguns, a voz dramática de choro de outros, as cantorias terríveis em certos momentos, os olhares desesperados e cheios d’água, as briguinhas bestas... Incrivelmente, quando digo que sinto falta de tudo, é porque faço jus a tal afirmação, já que há pessoas que até do seu jeito mal-humorado e chato fazem falta. Mas o que é a saudade, se não um sentimento para reafirmar que tudo deu certo, foi bom, pelo menos enquanto durou? Assim, acho até bom sentir saudade e reviver na mente (o que vivo fazendo) momentos especiais e por isso, inesquecíveis. Mas, tudo isso é muito normal e comum para todos, mas e eu? Que sinto saudade do que não fui, não fiz, não vivi? Devem estar pensando “ Aê, encontrei alguém mais doido que eu, rsrs” . OK, pensem o que quiserem, mas ainda assim reafirmo meu devaneio: sinto falta do que não vivi. Talvez o que ocorre é que acabo não aproveitando o que devo aproveitar e em sentimento de arrependimento idealizo o que podia fazer e não fiz e é disso que sinto a ausência. Hum, complicado, não? Nem tanto, devo admitir, complicado é não poder matar esse tipo de saudade. Que fazer? Pelo menos esperanças me restam para que não mais sinta isso, quem sabe a partir de agora não exista nada que não foi aproveitado, ou, pensando de forma realista, haja bem menos coisas.

# Hora de escutar:
Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê
Ai que saudade d’ocê – Geraldo Azevedo.                 

# Hora de refletir:
"Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos. Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar quem sabe...... nos e-mails trocados.
Podemos nos telefonar conversar algumas bobagens.... Aí os dias vão passar, meses...anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo...Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão? Quem são aquelas pessoas? Diremos...Que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!
Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um ultimo adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos.
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado. E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades seja a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

Fernando Pessoa

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